O Dia dos Oceanos foi criado durante a Rio-92, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que ocorreu no Rio de Janeiro. A data é celebrada desde 1992, no entanto a Organização das Nações Unidas (ONU) apenas oficializou a comemoração em 2008. Anualmente, o Dia Mundial dos Oceanos apresenta um tema diferente. Em 2018, o tema escolhido para celebrar esta data é: “Prevenir a poluição plástica e encorajar soluções para um oceano saudável”.
A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, através do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde – imagem ao lado, organizou um evento ontem, com dois palestrantes convidados, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), para comemorar a data. Tive a feliz oportunidade de participar como ouvinte e compartilharei aqui, de forma resumida, um pouco dos conhecimentos que recebi.
O primeiro palestrante foi o Prof. Dr. Fábio Araújo, da UERJ, coordenador do projeto Praia limpa é a minha praia, cujo tema da palestra era “Lixo no ambiente marinho: causas, consequências e soluções”. Alertou-nos sobre o lixo que não vai para o destino adequado e acaba indo parar no mar. Oitenta por cento do lixo marinho é proveniente de fontes terrestres, sendo que, dentre esses, a maior parte é composta por material plástico (70%).
Segundo o Dr. Fábio, de tudo é encontrado nos oceanos: plástico, guimba de cigarros (2º no ranking), lixo orgânico (animais mortos, restos de frutas), metais, borrachas (brinquedos, pneus, calçados), madeiras modificadas (pintadas ou tratadas), vidros, papéis, petrechos de pesca, lixo hospitalar, etc… Que horror!
Quanto ao plástico, o pesquisador ressaltou que ele está presente em todas as fases de nossa vida. Vivemos a “Era dos Plásticos”, material resistente, durável, leve, isolante térmico e elétrico, e com baixo custo para a indústria. A produção dele só aumenta: em 1950 o planeta produzia 50 milhões de toneladas, em 2010 já atingíamos 300 milhões de toneladas. Nos oceanos, estima-se que existam 5,25 trilhões de partículas plásticas flutuando, o que equivaleria a um peso de 268,94 toneladas. Já há os chamados microplásticos até no sal que consumimos. Escrevi um pouco sobre esse assunto em postagem deste blog.
O Dr. Fábio também falou sobre as consequências do lixo nas praias e nos oceanos, dentre elas as perdas no turismo, os gastos com a limpeza pública, os danos à pesca e às embarcações, as alterações ambientais e os prejuízos à saúde humana e, sobretudo, à biota marinha.
Sobre as ações que podemos praticar para ajudar a reverter esse quadro, o pesquisador da UERJ destacou: mudança de comportamento, recusar canudos nos restaurantes e bares, participar mais de debates públicos, estimular a criação de leis que reduzam a produção itens plásticos, compartilhar informação, promover a educação ambiental, produzir material de informação/conscientização, etc.
A segunda palestrante, a Profa. Dra. Suzane Guimarães, da UFF, que é coordenadora técnica e científica do Projeto Aruanã, também apresentou palestra muito interessante, intitulada “Tartarugas marinhas: conservação e desafios”.
Ela inicialmente falou sobre os objetivos do Aruanã (como também é conhecida a tartaruga-verde), quais sejam: desenvolver estudos e pesquisas, fomentar a participação e o treinamento de pessoal, promover a mobilização e a sensibilização popular e atuar em parceria com outras instituições.
Em relação às tartarugas marinhas, informou que há sete espécies em nosso planeta, e que cinco delas frequentam a nossa costa: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga -de-couro (Dermochelys coriácea), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas) e tartaruga-oliva (Lepidochelys olivácea). Todas estão na lista vermelha da International Union for Conservation of Nature (IUCN), sendo que a E. imbricata figura como criticamente ameaçada.
As tartarugas marinhas são afetadas por uma série de fatores, sejam eles naturais ou oriundos de atividades humanas, em todas as fases da vida. A conservação delas é importante porque são bioindicadores, transferem energia (ovos e filhotes predados), resistiram à extinção dos grandes répteis, têm direito à existência e possuem valor nela. A Dra. Suzana enfatizou que quando uma espécie é extinta, um ecossistema é afetado.
A grande oferta de lixo nos oceanos, alertou a pesquisadora da UFF, faz com que as tartarugas o confundam com alimento, proporcionando obstruções no trato gastrointestinal. Além disso, elas com frequência ficam emaranhadas no lixo, o que interfere na sua locomoção e nidificação, prejudicando sobremaneira o ciclo de vida.
A chamada pesca fantasma também é outro problema sério para as tartarugas marinhas, já que ficam presas e acabam se afogando em restos de redes, linhas ou armações de pesca abandonados ou perdidos nos oceanos. Segundo a Dra. Suzana, 10% do lixo existente nos oceanos diz respeito a esses itens de pesca, representando 640 mil toneladas/ano. A ONU estima que cerca de 88% desses resíduos são oriundos de barcos comerciais.
Procurei resumir ao máximo o que anotei nas palestras, e espero que vocês, leitores do Blog do Blanco, tenham gostado. E já que o tema deste ano diz respeito à poluição por plásticos, segue um vídeo muito interessante que encontrei no YouTube, cujo título traduzido para o português é “O que realmente acontece com o plástico que você joga fora”. Está legendado.