Neste período de isolamento social, por conta da pandemia de COVID-19, são inúmeros os relatos e vídeos que nos chegam mostrando o quanto a Natureza agradece a nossa temporária falta de intervenção/parasitismo. Hoje mesmo, acompanhei vídeo de um camarada mostrando cena atual por detrás do Aeroporto Santos Dumont. Ele, que conhecia bem aquela área, estava espantado com a ausência de lixo e a aparência límpida do mar da Baía de Guanabara. A minha postagem de hoje procura trazer à reflexão um pouco dessa necessidade de deixarmos a Terra “respirar” e se recompor e, também, da falta dessa percepção em muita gente egoísta e de visão estreita.
Começo com uma homenagem, já no título da postagem. Meu Limão, Meu Limoeiro é uma composição de José Carlos Burle e foi escrita nos anos 30, primeiramente gravada em 1937 por Silvio Caldas e Gidinho e, ainda no mesmo ano, por Jorge Fernandes. Foi gravada ainda por intérpretes como Inezita Barroso, Eduardo Araújo e Wilson Simonal, com este último elevando a composição a sucesso nacional no ano de 1966. Eu me lembro dela cantada na voz de Peppino Mazzullo, que dublava o ratinho conhecido como Topo Gigio, personagem criado na Itália por Maria Perego, no final dos anos 50, e que estreou na televisão brasileira em 1969, dentro do programa Mister Show, comandado pelo humorista Agildo Ribeiro (1932-2018).
Bom, agora finalmente vem a história de superficialidade e individualismo que quero contar. Há no loteamento onde moramos um limoeiro – e está aí o link com o título! Ele foi plantado há uns 10 anos numa área comum, juntamente com uma tangerineira e um araçareiro. Mal dá frutos, a pequena árvore, e todos são recolhidos pelos moradores. Alguns vão até lá com sacolas plásticas ou mesmo baldes e retiram tudo o que podem, inclusive limões ainda não maduros, não se importando, claro, com os demais vizinhos. Se todos fizessem a colheita pensando que outras pessoas poderiam usufruir da mesma forma, retirar-se-iam apenas os frutos necessários, não a totalidade. É pedir demais?
Ocorre que esse limoeiro foi infestado há algum tempo, conforme mostra a imagem inicial desta postagem, pela praga conhecida como pulgão preto (Toxoptera citricidus), que, devido à sucção contínua de seiva, causou atrofia e murchamento das folhas e dos brotos da planta. Nesses casos ocorre, também, a excreção de uma substância açucarada denominada “honey-dew”, que deixa as folhas pegajosas e meladas, servindo como substrato para o desenvolvimento de alguns fungos, principalmente do gênero Capnodium, a fumagina, que recobrem folhas e ramos, culminando na redução da capacidade fotossintética da planta.
Resumindo, o limoeiro está agonizando e, não fosse a iniciativa de um dos vizinhos aqui do loteamento, que vem tratando a planta com inseticidas domésticos, certamente ele já teria morrido. Mesmo assim, o bravo limoeiro dá frutos vez por outra, que são, claro, colhidos com a esperta ligeireza habitual. Isso mostra que temos de evoluir muito, ainda, para perceber que os recursos da Terra são finitos, que não podemos continuar a agir tal qual gafanhotos, que destroem tudo ao redor e, quando nada mais têm para comer, se dirigem a outro lugar e lá perpetram a mesma arruinação. Precisamos cuidar mais e melhor deste planeta azul.
Muito bom texto. Precisa escrever seu livro.
Um abraço,
Quem sabe um dia, caro Pazelli? Fica a dica.
Muito bom! Para informação e reflexão.
Parabéns.
Bom te ver por aqui, Loildson. Obrigado!