Assédio sexual: o que tenho a dizer

Sei que estou meio afastado das minhas escritas, mas por conta das atribulações diárias tenho tido muito pouco tempo para me dedicar ao Blog do Blanco. Tentarei, daqui para frente, aparecer mais por aqui e atualizar os meus leitores com algumas notícias deste que vos escreve.

Sobre esse tema constrangedor, o assédio sexual, principalmente no trabalho, ele foi desencavado numa “audiência pública” realizada na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em 28/05/2021, onde os digníssimos Vereadores e público presente deveriam tratar de políticas públicas da Proteção Animal na municipalidade.

Na verdade, de audiência o evento teve muito pouco. Tudo não passou de uma grande armadilha, um embuste que visou constranger os gestores da Prefeitura que lá estavam. A Câmara se tornou um boteco, daqueles de 5ª categoria. Poucos dos que ali estavam possuíam algum interesse verdadeiro nos animais. Camisetas padronizadas, cartazes, leituras de textos escritos previamente – e que davam a nítida impressão de que não foram criados por quem os lia – dentre outras palhaçadas estavam presentes naquele circo mambembe.

Pois bem, uma senhora subiu à tribuna daquela Casa e me acusou, dentre outras coisas, de ter prejudicado a filha dela, uma médica veterinária que foi assediada sexualmente, juntamente com outra colega e uma estagiária. Trabalhavam na extinta Subsecretaria de Bem-estar Animal (SUBEM), existente no período da horrenda gestão Marcelo Crivella. É um assunto, óbvio, que não tinha nada a ver com o que deveria ser discutido, e que objetivou tão e somente me desequilibrar. Segundo a senhora, que demonstrou tendências agressivas e perda de controle emocional na ocasião, eu “prometi” – isso mesmo – que a filha não seria demitida. Vai vendo… Escutei tudo o que a cidadã disse e pedi, quando ela terminou suas querelas, o meu direito de resposta.

Quando fui falar, sequer o meu microfone estava ligado. Demoraram um pouco para tomar as devidas providências, pois senti que não queriam mesmo era que eu me pronunciasse. Aos berros de protesto da mãe da veterinária, que certamente não tinha tomado o remedinho naquele dia, tentei colocar meu raciocínio em ordem. Foi difícil, confesso, mas no final das contas disse para ela que a sua maneira de ser apenas fechava as portas para a filha e que não a ajudava em nada, ao contrário.

Para quem se interessar em entender o episódio, aqui vai: A filha veterinária foi assediada por um dos subsecretários da malfadada SUBEM, juntamente com outras duas mulheres, crime que foi veiculado de forma intensa na Imprensa por conta dos contatos que a mãe possuía (vide figura abaixo). A desenfreada mulher recebeu forte apoio de assessores parlamentares nessa divulgação, diga-se de passagem. Bom, a jovem veterinária tinha provas desse assédio, inclusive em conversas pelo whatsapp. As outras vítimas – sim, porque assédio sexual é CRIME – tinham testemunhas das situações pelas quais passaram. Embora eu não conhecesse nem mãe nem filha, conseguiram meu telefone e pediram orientação, tendo em vista a experiência que tenho no Serviço Público e as minhas demonstrações de solidariedade às colegas médicas veterinárias. Fui convidado a participar de uma reunião no apartamento da filha, onde me contaram todos os detalhes sórdidos dos acontecimentos. Informei, já que não passo pano em assediadores, ao contrário de algumas figuras que estavam presentes no picadeiro da Câmara Municipal daquele dia, que assédio deve ser denunciado, sim.

No mínimo estranho. O que num passado próximo era uma “covardia” agora parece ser outra coisa. Invenção, talvez. O que houve? Seguem prints de conversa no WhatsApp, ano passado, entre a mãe da profissional assediada e um influente jornalista.

Por fim, a filha me perguntou se todas corriam o risco de serem demitidas caso denunciassem os crimes. Disse-lhes que achava muito improvável, já que isso repercutiria muito mal junto ao Prefeito de então. Seria praticamente uma confissão de culpa, disse-lhes. Infelizmente a filha veterinária foi demitida pelo gestor que sucedeu o assediador, mas não por conta do assédio, e sim devido a denúncias diversas, principalmente na Terra de Ninguém (leia-se Internet) sobre um suposto procedimento cirúrgico mal realizado, salvo engano envolvendo um felino – soube que a profissional ingressou com processo judicial contra quem divulgou isso, mas não acompanhei se surtiu algum resultado. Fundamental dizer que a outra médica veterinária assediada e uma das testemunhas não foram demitidas. Caiu por terra a falácia da mamãe transtornada. Há testemunhas que se colocariam em meu favor, caso haja dúvidas e/ou demandas judiciais.

Moral da história: Parece que assediador e genitora da vítima assediada passaram a se entender muito bem. Relacionamento estranho, não? Que interesses há por detrás dessa aparente loucura??? De qualquer forma, é a Delegacia da Mulher, e não eles, que dará a palavra final.

É isso. ASSÉDIO SEXUAL É VIOLÊNCIA. DENUNCIE!

 

Sobre Mauro Blanco

Sou carioca da gema, morador da Zona Oeste, tricolor, bacharel e mestre em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e servidor concursado da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Já atuei como Oficial Temporário no Exército Brasileiro, na Companhia Municipal de Limpeza Urbana (como Subgerente na Gerência de Vetores), na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (como Coordenador de Controle de Vetores, Coordenador de Vigilância Ambiental em Saúde e Diretor do Centro de Vigilância e Fiscalização Sanitária em Zoonoses Paulo Dacorso Filho), e na Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais, instância pertencente à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, como Subsecretário.
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