Escreve aqui um usuário, desde abril de 2024, ano em que teve início sua operação, do Corredor BRT TransBrasil, que liga o Terminal Deodoro, localizado na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, ao Terminal Intermodal Gentileza, na área do chamado Porto Maravilha, ao lado da Rodoviária Novo Rio. Farei abaixo minhas considerações sobre essa modalidade de transporte nesta nova publicação do Blog do Blanco:
A municipalidade iniciou as obras desse corredor em 2015, numa das gestões Eduardo Paes, com a promessa não cumprida de que estariam concluídas em 2017. Tratava-se de mais um dos tais “legados olímpicos”. Os Jogos Rio 2016 passaram e o que vimos durante muito tempo na Avenida Brasil, com o coração sofrido e boa dose de amargura, foram estruturas – estações e passarelas – inacabadas e/ou abandonadas, fato que permaneceu ao longo da medíocre gestão Marcelo Crivella. Uso o adjetivo medíocre para ficar barato e não me estender muito, deem-me licença.
Pois bem, indo direto ao ponto, a primeira falha grave que destaco no BRT TransBrasil foi a economia emporcalhada que a Prefeitura do Rio fez ao construir um corredor que liga o bairro de Deodoro à entrada do Centro da cidade. Por que não o construíram de forma a atender toda a Zona Oeste, ligando, através da Avenida Brasil, o Gentileza até o bairro de Santa Cruz? Realmente, é difícil de entender, lembrando que o custo da obra do corredor TransBrasil chegou a quase R$ 2 bilhões, segundo informes oficiais. Atualmente, nessa empreitada econômica tupiniquim, o corredor tem cerca de 26 quilômetros de extensão, com 17 estações, atravessa 18 bairros e há previsão de transportar, até 2030, 250 mil pessoas por dia. Poderia ser muito melhor, enfatizo, em prol da população carioca.
Levando-se em conta a deficiência exposta acima, vamos para a prática da coisa. Quem mora no bairro de Campo Grande, por exemplo, precisa pegar um ônibus das chamadas “linhas alimentadoras”. Esses veículos levam os moradores daquele bairro até o Terminal Deodoro, também localizado na Zona Oeste, e trazem-nos de volta. O problema reside na quantidade, que flagrantemente está aquém da demanda. Demoram a passar e, em horários de pico, tornam-se aquelas famosas “latas de sardinha”. Além do grande desconforto, em tempos aonde o COVID-19 e outras viroses ainda circulam faceiros por aí, esse tipo de aglomeração é prato feito para muitas doenças. Quando o trânsito não está péssimo, algo raro na Avenida Brasil em momentos de tráfego intenso, o transporte nesses “alimentadores” até o Terminal Deodoro, de usuários oriundos de Campo Grande, e vice-versa dura aproximadamente 50 minutos.
Aí chegamos em Deodoro. Para quem conhece os dois Terminais, logo percebe que o esmero que a Prefeitura esbanjou no Gentileza chegou longe na Zona Oeste. Isso em termos de acessibilidade do usuário, de sanitários, de organização (incluindo a questão das linhas alimentadoras), de sinalização e fluidez do trânsito no entorno, etc. Muito improviso é o que se observa. Essa é a nossa Zona Oeste… com população suficiente para eleger folgadamente qualquer um que se candidate a qualquer cargo eletivo por esta cidade.
Mas nem tudo são percalços. Embarcando finalmente no Bus Rapid Transit, pelo já famoso Corredor TransBrasil, a viagem até a região do Porto Maravilha é agradável e dura cerca de 45 minutos. Os ônibus articulados, pelo menos por enquanto, saem em intervalos curtos e regulares. Estão muito bem conservados – são novos – e os condicionadores de ar funcionam a plena força. Outra vantagem é que o passageiro pode fazer até três viagens com o valor de uma única passagem (R$ 4,30) ao usar seu Bilhete Único Carioca. O período para realizar as integrações é de três horas a partir do momento em que o passageiro usa o cartão no primeiro validador.
Chegamos enfim ao Terminal Intermodal Gentileza, que leva seu nome em homenagem ao conhecidíssimo Profeta Gentileza, o Sr. José Datrino, autor das diversas inscrições existentes nas pilastras do Viaduto do Gasômetro. Nascido em 11/04/1917 e falecido em 29/05/1996, ele se tornou uma espécie de personalidade da cidade. Gentileza gera gentileza é sua frase mais conhecida.
O Gentileza, considerado o maior integrador de transporte público da capital carioca, conecta os serviços do BRT TransBrasil aos do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e dos ônibus municipais. É realmente uma beleza, muito bem construído, com inúmeros contratados a prestar informações e organizar a movimentação das pessoas em seu interior, tem sanitários à disposição, escadas rolantes, elevadores, muitos espaços para futuras lojas, lanchonetes, etc.
Dali, segue-se nova baldeação para outros destinos, via ônibus ou VLT. No meu caso, são 2 horas, no mínimo, de viagem total, da origem ao destino, gastando apenas uma passagem. No retorno é o mesmo, e ainda me livro de algumas linhas dos chamados “frescões”, cuja passagem é cara e os veículos são, em grande parte, sucateados. A realidade desses ônibus, também chamados de “executivos”, é algo deplorável. Tenho feito várias filmagens e imagens que publico em meu Facebook, todos os textos das legendas com a marcação #destroçosdoexecutivo. Foram muitos momentos inesquecíveis, notadamente na malfadada linha 2336, que rogo não voltem mais.
Em suma, apesar de alguns pontos negativos, que espero serem corrigidos ainda em 2024, o grande proveito que destaco é o valor desse transporte, ainda mais para alguém que, como eu, estava já acostumado a pagar caro por um serviço de péssima qualidade. Da mesma forma, torço para que o padrão ora apresentado pelo BRT TransBrasil não despenque após as eleições. Por enquanto é isso, permaneço de olho.
E você, já utilizou os Bus Rapid Transit dos Corredores TransCarioca, TransOlímpica, TransOeste ou TransBrasil? Quais as suas impressões? Estamos melhorando verdadeiramente no quesito “transporte público”?
Bom para quem deseja fazer um tour pela cidade maravilhosa… para quem tem pressa, um desastre. Levei 3 hs, do pingo d’água até a Av Venezuela ,no centro da cidade…. utilizam 2 faixas da Av. Brasil, e carros de passeio, ônibus e caminhões, disputam 2 faixas, na tão desgastada, Av Brasil. Ou como é conhecida, Av. Ziquizira…
Cara Alda, gostei da “Av. Ziquizira”. Infelizmente preciso utilizá-la durante muitos dias durante a semana. Já passei por poucas e boas nessa via…
As conduções de ônibus estão sendo um martírio.
Eu que o diga, querido primo. Utilizei por muito tempo um “cacareco” cuja tarifa, hoje, é R$ 20,00. Os famosos “frescões”, ônibus sem manutenções corretiva e preventiva, deixando-nos na mão (e no meio do caminho) por diversas vezes.