WhatsApp para quem precisa

As tais Redes Sociais nem sempre me deixam imerso num poço de felicidade. Já fiz aqui neste blog críticas severas ao Facebook, que, na época em que atuava como subsecretário da pasta de defesa dos animais na prefeitura do Rio de Janeiro, absolutamente nada fez em relação às inúmeras denúncias que encaminhei sobre uma campanha sórdida e covarde de calúnia e difamação que sofri. Quase apaguei meu perfil de lá, naquela ocasião, mas pensei com calma e percebi que essa atitude possivelmente fazia parte dos objetivos dos difamantes.

Um dos personagens do ilustrador Steve Cutts.

Já em relação ao WhatsApp, que em avaliação recente ultrapassou o próprio Facebook em termos de popularidade, meus atormentos são de outra natureza. Sinto que perco tempo em demasia olhando para a tela do celular enquanto um mundo real gira inexoravelmente ao meu redor, ao sabor dos ponteiros do relógio que desde sempre – e até o momento – seguem apenas e de forma muito teimosa o sentido horário. Recentemente vi de novo a animação intitulada “Are You Lost In The World Like Me?”, do ilustrador e animador inglês Steve Cutts, disponível no final deste texto, e acho que finalmente a ficha caiu, vindo com ela um sentimento de assombro e, também, de vergonha de mim mesmo. Coisa estranha, confesso.

O assombro é mais facilmente explicável, tendo em vista a quantidade de mensagens recebidas diariamente, nas quais uns 2%, quando muito, são interlocuções pra valer. De resto, é mais do mesmo: vídeos, figuras, GIFs, correntes, propagandas, notícias e etc. Diga-se de passagem, antes que me esqueça, praticamente tudo o que eu já havia visto no Facebook. O que ainda não está numa ou noutra dessas redes, vai constar lá publicado em poucos instantes. A variedade de informações idênticas multiplicada ao extremo é alarmante.

Em relação à vergonha, pelo menos no que me atinge, é triste constatar que poderia estar fazendo qualquer coisa mais útil e tangível para mim mesmo e para os outros. O celular, e mais especificamente esse tal de WhatsApp, funcionam como poderosas correntes que me deixam atrelado a uma outra realidade, virtual. Preciso me movimentar, sair desse imobilismo, dessa omissão.

Vivemos num planeta que possui mais de 7 bilhões de pessoas. Em 2100, as Nações Unidas estimam que cheguemos a mais de 11 bilhões. Já estamos sentindo a influência desses tempos e a dupla Ansiedade & Depressão se faz presente e cada vez mais próxima. O vício em tecnologia pode estar ligado a esses quadros, segundo pesquisa divulgada pela Revista Galileu no ano passado. Gastamos cerca de 145 minutos por dia (ou duas horas e 25 minutos) tocando, rolando ou pressionando a tela de nossos celulares. A matéria nos alerta para as estratégias de grandes empresas e corporações, que investem em ampliar o número de notificações, vibrações e outros alertas em celulares e computadores para concentrar nossa atenção ali. É a busca de lucro com o nosso trabalho, escravos da atualidade que somos, que olhamos fascinados para esse mundo “encantado” que chega em nossas mentes na perigosa velocidade da luz dos pixels. Acordemos desse devaneio enquanto há tempo!

Como já havia alertado, no Facebook, os amigos sobre meu afastamento progressivo do WhatsApp, alguns vieram me perguntar se havia algum motivo específico, se por conta de alguma desavença com alguém, por exemplo. Nada disso. A motivação está descrita nos parágrafos acima. As pessoas podem continuar a enviar mensagens e eu as responderei quando necessário. Continuo à disposição de todos pessoalmente, no celular, e, caso queiram, por e-mail também, inclusive pelo formulário de contato do Blog do Blanco.

Sobre Mauro Blanco

Sou carioca da gema, morador da Zona Oeste, tricolor, bacharel e mestre em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e servidor concursado da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Já atuei como Oficial Temporário no Exército Brasileiro, na Companhia Municipal de Limpeza Urbana (como Subgerente na Gerência de Vetores), na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (como Coordenador de Controle de Vetores, Coordenador de Vigilância Ambiental em Saúde e Diretor do Centro de Vigilância e Fiscalização Sanitária em Zoonoses Paulo Dacorso Filho), e na Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais, instância pertencente à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, como Subsecretário.
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