Panis et Circenses

E aí, todo mundo já entrou no clima? Muita festa e emoção estão por vir. A Copa das Confederações já começou, com a entusiástica vitória do Brasil sobre a campeoníssima seleção do Japão (Blatter e Dilma é que ficaram um pouco desgostosos, mas isso poderemos discutir depois). E não termina por aí, não. Está chegando a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Agueeeeenta, coração!

Nada impede que, enquanto torcemos e sacudimos as caxirolas por mais um título futebolístico, façamos uma pequena reflexão: quanto foi gasto, sob os auspícios da Fifa, dos milionários empreiteiros e dos nossos representantes políticos nos estádios que receberão os eventos? Basta uma rápida pesquisa na Internet para que saibamos que no Maracanã, por exemplo, os custos das obras já passaram de 1 BILHÃO de reais. Isso mesmo, não me enganei ao escrever (embora esteja bastante zangado, confesso…). Dizem que o Mané Garrincha, lá no Olimpo chamado Brasília, ficou ainda mais caro do que o velho Jornalista Mário Filho. E olha que tem mais um monte dessas estruturas caríssimas sendo construídas e/ou reformadas por aí afora.

É, minha gente… Uma nação rica, com pouquíssimos problemas a enfrentar, até pode fazer esse tipo de extravagância; só que esse não é, definitivamente, o nosso caso. Para um país cujos claudicantes serviços institucionais, os impostos escorchantes e o elevado percentual de maus exemplos vindos dos que deveriam nos defender são correntes que aprisionam o povo de forma corriqueira e vil, esse tipo de festança (ou gastança) com o erário público soa como verdadeira cusparada no rosto de uma sociedade cansada de acompanhar desmandos, um após o outro.

Aparentemente, pelas crescentes manifestações que estamos assistindo, os brasileiros finalmente começam a abrir seus olhos. Quem está engrossando as fileiras dos movimentos não é a maioria ignorante e nem os que recebem algum tipo de bolsa-esmola, mas sim quem tem acesso à informação, os que financiam, com seu trabalho, as “benesses” governamentais. É a resistente e combativa classe média despertando, inexoravelmente. Lembro-me dos caras pintadas, na época do Collor. Claro que, atualmente, o mote principal das diversas passeatas não é o aumento de uns míseros centavos nas passagens dos ônibus. Há algo a mais e não adianta alardearem que se trata de maquinação da oposição, golpe da mídia direitista ou ataque ferino das elites (estas numa boa há muito tempo, diga-se de passagem).

O problema é que, parafraseando um ex-Presidente nosso, nunca antes na história deste país se viram tamanhas ladroagem, corrupção e deslealdade de pessoas que foram eleitas justamente para combater tudo isso. O retorno das massas às ruas de diversas cidades brasileiras, de forma ordeira e pacífica, representa um marco importante para o Brasil. Basta de pão e circo.

Sobre Mauro Blanco

Sou carioca da gema, morador da Zona Oeste, tricolor, bacharel e mestre em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e servidor concursado da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Já atuei como Oficial Temporário no Exército Brasileiro, na Companhia Municipal de Limpeza Urbana (como Subgerente na Gerência de Vetores), na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (como Coordenador de Controle de Vetores, Coordenador de Vigilância Ambiental em Saúde e Diretor do Centro de Vigilância e Fiscalização Sanitária em Zoonoses Paulo Dacorso Filho), e na Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais, instância pertencente à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, como Subsecretário.
Esta entrada foi publicada em Política e marcada com a tag , , , , , , , , , , , , , , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *