O verde-oliva desbotou?

Ter a chance de contemplar o esplendor de uma floresta é sempre algo positivo. Saber que ela está próxima de nós, que ainda há tantas plantas pertinho para nos sustentar, não tem preço. A imagem que inicia esta postagem, enfocando apenas uma pequenina parte do todo, não foi feita no interior do Brasil, mas sim na cidade do Rio de Janeiro, numa região com grande carência de reservas verdes. Trata-se de um local com espécies remanescentes de Mata Atlântica, localizado entre os bairros de Deodoro e Guadalupe.

Por incrível que possa parecer a nós, reles mortais, esse fantástico terreno é palco de uma assombrosa negociação. Há planos dele ser doado pelo Exército Brasileiro (EB), segundo informações amplamente divulgadas na Imprensa, para a construção de um autódromo. Divulgou o Jornal O Globo, em publicação de abril de 2012, que “um autódromo naquela localidade impactaria diretamente a vegetação do Morro da Estação, classificado como Sítio de Relevante Interesse Paisagístico e Ambiental pelo Plano Diretor do Rio”. Há quem fale em venda, não em doação, o que no meu entendimento é ainda mais assustador.

A única salvação para não perdermos de vez essa floresta para os interesses empresariais e politiqueiros é o perigo iminente de acontecerem explosões no local, que foi utilizado pelo EB, durante quase 70 anos, como área de treinamento. Há por lá, escondidos: minas terrestres, detonadores com carga, granadas e etc. Salvos pelo gongo… ou melhor, pela bomba!  O Governo do Estado, agora, quer garantias para construir o circo, digo, o circuito no terreno. Imaginem varrer uma floresta do mapa para instalar, no local, um equipamento que gerará altas concentrações de poluentes no ar que respiramos? Só aqui mesmo!!!

Ainda falando em EB, destino já sacramentado foi o dos quartéis próximos à Quinta da Boa Vista, engolidos avidamente por outro megaempreendimento: o novo Maracanã. No local jaz os escombros do então o 21º Grupo de Artilharia de Campanha, berço do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, e do 1º Batalhão Logístico, onde funcionou outrora a Escola de Veterinária do Exército. Pelo andar da carruagem – desculpem-me pelo trocadilho – tudo indica que o centenário Centro Hípico do Exército igualmente será banido dali. E assim nossa história e tradições vão soçobrando. Seguindo o mau exemplo daqueles que nada vêem e de nada sabem, apenas acompanhamos, catalépticos, os acontecimentos.

Nossas Forças Armadas possuem terrenos em vários outros locais da Cidade Maravilhosa. Boa parte de Barra de Guaratiba, por exemplo, pertencente ao EB. Por lá há uma impressionante riqueza em biodiversidade e, também (que os gananciosos não me escutem), oportunidades bilionárias. A voraz especulação imobiliária, diga-se de passagem, está fortemente instalada por aquelas bandas, na Zona Oeste.

Faço aqui alguns apelos sinceros aos nossos militares, que merecem todo o meu respeito e consideração: Não entreguem o ouro aos bandidos! Não se deixem enganar! Protejam o ambiente que ainda temos! Zelem pelo futuro de nossa Nação!

Sobre Mauro Blanco

Sou carioca da gema, morador da Zona Oeste, tricolor, bacharel e mestre em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e servidor concursado da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Já atuei como Oficial Temporário no Exército Brasileiro, na Companhia Municipal de Limpeza Urbana (como Subgerente na Gerência de Vetores), na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (como Coordenador de Controle de Vetores, Coordenador de Vigilância Ambiental em Saúde e Diretor do Centro de Vigilância e Fiscalização Sanitária em Zoonoses Paulo Dacorso Filho), e na Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais, instância pertencente à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, como Subsecretário.
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