Gravidez na adolescência

Dia 26 de setembro é o Dia Mundial de Combate à Gravidez na Adolescência. Acredito que pouco ou nada temos a comemorar e, decerto, muita coisa – muita mesmo – ainda há de ser feita no Brasil para minimizar os efeitos danosos de uma gravidez precoce. Não sou especialista nessa área, mas observo uma letargia impressionante dos três Poderes instituídos para lidar com essa questão.

Para ilustrar a catástrofe, vamos ao que me aconteceu há algumas poucas semanas, num posto de combustível no bairro de Cosmos, localizado na Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro.

Enquanto o frentista abastecia meu carro, fui à loja de conveniências para comprar uma garrafa d’água. No local, com um bebê no colo, estava uma jovem de seus 15 anos no máximo, conversando com uma das atendentes da loja. Eu pagava minha água para a outra moça, que prestava muita atenção na conversa das demais.

Observei a cena: aquela menina com um neném de poucos meses no colo… Seria filho dela ou ela era sua irmã mais velha? A dúvida cessou quando a jovem foi embora e as atendentes, aí então, começaram a detalhar a situação.

Tratava-se de uma mãe adolescente. Aparentemente o “pai” também era muito novo. Cada qual foi para o seu lado, acolhidos de uma forma ou de outra pelas respectivas famílias. Mais difícil para a garota, que poderá enfrentar preconceitos tremendos, quiçá começando pelos seus próprios entes queridos. Deve ser uma barra pesada e, caso não haja muito amor, paciência e compreensão a rodear a menina nessas horas, mais um desastre social é certo de se configurar.

Para terminar essa história, a menina, jovem mãe, estava no posto para utilizar o seu cartão, que continha alguma bolsa governamental, em um dos caixas eletrônicos ali existentes. As atendentes disseram que a mocinha pedia auxílio a elas, pois não sabia utilizar o dispositivo, e o dinheiro retirado era torrado em cigarros e outros itens absolutamente supérfluos. Ela ganha o peixe, mas não lhe ensinaram a pescar. Dar bolsa é mais fácil e dá mais voto. Orientar dá trabalho, né?

Falando em voto, quando eu saí do posto de combustível passou por mim um carro de som de um dos milhares (sem exagero) de candidatos a Vereador. O volume, claro, nas alturas. O jingle falava de saúde e educação. É revoltante. E ainda tem gente que se assusta com a rapidez no aparecimento de cracolândias pelo país afora.

Sobre Mauro Blanco

Sou carioca da gema, morador da Zona Oeste, tricolor, bacharel e mestre em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e servidor concursado da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Já atuei como Oficial Temporário no Exército Brasileiro, na Companhia Municipal de Limpeza Urbana (como Subgerente na Gerência de Vetores), na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (como Coordenador de Controle de Vetores, Coordenador de Vigilância Ambiental em Saúde e Diretor do Centro de Vigilância e Fiscalização Sanitária em Zoonoses Paulo Dacorso Filho), e na Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais, instância pertencente à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, como Subsecretário.
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