Cadu Maverick era nosso galinho garnizé de estimação. Seu nome foi copiado de um pinguim, personagem da animação computadorizada da Sony Pictures Animation chamada Surf’s Up (traduzido como “Tá Dando Onda” para o português).
Cadu fazia companhia para uma galinha caipira, maior do que ele, a Branquinha. Para os dois foi improvisado há algum tempo, no fundo do quintal, um pequeno galinheiro onde o casal se recolhia no final do dia e passava a noite.
Tratava-se de um galo muito engraçado, esse Cadu. Começava a cantar às quatro da matina, rivalizando com o galo da vizinha. O de lá cantava e o daqui respondia, e vice-versa. Andava pelo quintal com pose fantástica, todo empertigado. Qualquer inseto que pegava era motivo para o mesmo ritual: com o bicho na boca iniciava o seu chamamento à Branquinha, para lhe presentear o petisco. Educado o rapaz, não? Esse chamamento era muito interessante. Có, có, có pra cá, có, có, có pra lá… E o pior é que às vezes a galinha nem ligava. Ela só vinha quando percebia que o lanche era bom. Se o inseto fosse pequeno, lá ficava o Cadu a chamar à toa.
Hoje ele morreu. A tristeza por aqui foi geral, claro. Choraram meus filhos, choraram os pais deles. Não há quem não se apegue a esses animais. São pequenas histórias que se formam, são afinidades que se constroem. Passam a ser integrantes da Família. Os diálogos do cotidiano acabam incorporando essas vidinhas.
Já viu se estão sem comida?
Trocou a água hoje?
Estão ciscando no jardim da mamãe! Tira de lá, senão já viu!
Lembrei-me dos canários belga que tinha quando criança. Cheguei a tirar cria em cativeiro numa oportunidade. Que emoção. Mas a tristeza acaba batendo à porta, cedo ou tarde, com a partida deles. Inevitável. Juquinha, Cenourinha, Pluft e Amarelo eram alguns desses passarinhos. Saudades deles e de um tempo que não volta mais, isso há uns trinta e tantos anos.
Fizemos um enterro digno para o nosso galinho gentil no final da tarde. Vá com Deus, Cadu Maverick.