Exma. Sra. Senadora Simone Tebet,
Saudações fluminenses!
Estive com minha família, ano passado, em Mato Grosso do Sul visitando, especificamente, as cidades de Bonito e Miranda. Foi um passeio voltado ao ecoturismo, mas, naquela oportunidade, pudemos observar o potencial do agronegócio por lá. Muito do que chega em nossas mesas e abastece nossas geladeiras vem dali. Ficamos encantados com o seu Estado, as terras sul-mato-grossenses. Parabenizo-a, inicialmente, aproveitando esse relato.
Há muitos anos me interesso por política e acompanho diariamente os noticiários a respeito. No Senado Federal, em particular, minha referência sempre foi o Senador Pedro Simon, gaúcho, hoje aposentado. Grande homem, com lucidez e coragem que poucas vezes vi numa pessoa pública. Seus discursos e posturas, sempre coerentes, me inspiravam, e, tenho certeza, emocionavam também grande parte da sociedade brasileira. Nada havia (e nem há) que desabone a sua conduta enquanto político. O mesmo, a propósito, posso dizer de seu falecido pai, Ramez Tebet. O próprio Simon disse um dia: “Tebet havia sido uma das pessoas mais corretas, mais dignas que havia encontrado na vida pública”.
Vejo com alegria que V. Exa. segue a mesma linha dos líderes supracitados, com dignidade e determinação, procurando dar o bom exemplo em suas falas e atitudes. Tomaria a liberdade de colocar nesse mesmo time os digníssimos e combativos Senadores Álvaro Dias e Ana Amélia.
Nesta nova legislatura, ao menos, não teremos o desprazer de observar as sofríveis apresentações daquela trupe medíocre, conhecida como Bancada da Chupeta. Espero que outros “artistas” não se arvorem a protagonizar palhaçadas do mesmo naipe, dignas de filme pastelão de quinta categoria.
O que vimos observando nos últimos anos, com assombro absoluto, é uma degeneração total da classe política brasileira. A corrupção se infiltrou na máquina pública tal qual metástase, e quando o exemplo não vem dos altos escalões da República, aqui na ponta passamos a viver no caos, sem segurança e esperança, com educação precária, penando nos hospitais sucateados da vida, trafegando em ruas repletas de crateras, etc. Há um enxame de bandidos na atualidade, muitos ainda cumprindo mandato eletivo, inclusive. Acredito, francamente, que o voto facultativo nos ajudaria e reverter, em alguma medida, essa situação.
Veja o que ocorreu em meu Estado, depauperado por uma organização criminosa travestida de partido político. Alguns dos (ir)responsáveis por isso, que comandavam os Poderes Executivo e Legislativo daqui, estão atrás das grades. Não são todos, obviamente, já que muitos ainda estão em circulação nas redes de esgoto aqui e acolá. O prejuízo está feito. E que prejuízo! Que os eleitores possam ter aprendido algo com essa dura lição.
Soube pela Imprensa que alguns partidos estão estendendo “tapetes vermelhos” para que V. Exa. saia do MDB. Que Deus a ilumine e lhe dê o discernimento necessário para que tome a melhor decisão possível. Por mim, e tenho certeza que muitos brasileiros pensam desta mesma forma, uma mudança de caminhos, nestas alturas do campeonato e tendo em vista tudo o que está ocorrendo em seu partido, notadamente por conta dos “ilustríssimos” próceres emedebistas que protagonizaram vários e vários atos deletérios e desabonadores para a Nação, seria excelente.
Sem mais, receba um fraterno abraço deste que, se tivesse condições, com certeza seria seu eleitor.
Atenciosamente,
Mauro Blanco Brandolini.
(E-mail enviado ao Senado Federal em 08/02/2019)