Posse X Porte

O Governo Federal mal começou a engatinhar e já se vê enredado por um escândalo, o Queirozgate (termo usado pela Jovem Pan). Mesmo atingindo o Palácio do Planalto indiretamente, pelo menos por enquanto, falta uma conclusão rápida sobre os episódios ocorridos na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, quando, à época, um assessor do então Deputado Flávio Bolsonaro se envolveu com movimentações financeiras atípicas de pelo menos R$ 7 milhões num período de três anos. O fato de um dos envolvidos ser filho do atual Presidente da República, que se elegeu com discurso que vinha frontalmente de encontro a atos como esse, está causando tremendo mal-estar junto à sociedade, a segmentos do próprio Governo, e, claramente, fornece de bandeja farta munição à oposição ávida por se restabelecer, mesmo mantendo a petulância de exaltar a “democracia” na Venezuela. Claro que há outros assessores e políticos implicados na famosíssima ALERJ, e espero que eles também sejam investigados, pois essa prática é, além de imoral, ilegal.

E enquanto o Queirozgate segue sem definição, o Governo tenta mostrar que não está em vias de ser paralisado. Recentemente, dentre outras medidas, foi assinado o Decreto nº 9.685 de 15/01/2019, que facilita a posse de armas pelos cidadãos brasileiros. Isso tem gerado uma grande polêmica e as discussões, notadamente nas Redes Sociais, vão de acaloradas a desarvoradas. Antes de mais nada, sou de opinião de que qualquer cidadão tem o direito de proteger a si e à própria família no âmbito do seu lar. Não entendo essa medida governamental como uma estratégia voltada à Segurança Pública, diga-se de passagem (vide o artigo 5º da CF, com ênfase ao inciso X). Sou, sim, favorável a que uma pessoa – que tenha condições psicológicas e preparo para manusear armamento – possa manter, se quiser, uma arma em casa salvaguardadas as determinações contidas no decreto. Óbvio que é imprescindível lê-lo, inclusive os que se descabelam nos whatsapps da vida.

Nesse tema, como em tantos outros, a desinformação é geral. Bom, na verdade não se trata apenas disso, pois existe certa manipulação de praxe, principalmente das correntes contrárias ao Governo, que visa confundir muito mais do que orientar. Notem, não estou puxando a sardinha para A, B ou C, apenas falando o que eu penso a respeito de se ter ou não uma arma na residência, e, para isso, uma das coisas fundamentais é fazer a diferenciação entre “posse” e “porte”, sem o viés ideológico, já que sequer o decreto supracitado é estudado e/ou entendido por boa parte dos brasileiros.

Vamos lá, sobre a posse, segundo a Revista ISTOÉ e o Site G1, após obtenção de certificado de registro a pessoa pode manter uma arma em casa ou em seu local de trabalho, desde que seja o responsável legal pelo estabelecimento. Não é permitido sair com a arma. O interessado deve ter mais de 25 anos; comprovar que tem ocupação lícita e residência certa; não estar respondendo a inquérito policial ou processo criminal; e não ter antecedentes criminais nas justiças Federal, Estadual (incluindo juizados), Militar e Eleitoral. Também precisa de comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo.

Já o porte, de acordo com a Lei nº 10.826 de 22/12/2003, é permitido aos agentes de segurança pública, integrantes das Forças Armadas, policiais, agentes de inteligência e agentes de segurança privada. Civis não podem ter porte de arma, exceto se, comprovadamente, tiverem a vida ameaçada.

Sobre Mauro Blanco

Sou carioca da gema, morador da Zona Oeste, tricolor, bacharel e mestre em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e servidor concursado da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Já atuei como Oficial Temporário no Exército Brasileiro, na Companhia Municipal de Limpeza Urbana (como Subgerente na Gerência de Vetores), na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (como Coordenador de Controle de Vetores, Coordenador de Vigilância Ambiental em Saúde e Diretor do Centro de Vigilância e Fiscalização Sanitária em Zoonoses Paulo Dacorso Filho), e na Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais, instância pertencente à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, como Subsecretário.
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4 respostas para Posse X Porte

  1. Vandimar Cardoso disse:

    Ótima matéria, bem objetiva e esclarevedora.
    Um forte abraço fraterno amigo.

  2. Perfeito esclarecimento!! Desarme-se e vire refém!!!! Posse dá ideia de propriedade, retenção, bem estático. Porte diz respeito a “levar consigo”, transportar, condução, deslocamento, bem móvel. Se armas não dão segurança, por qual motivo TODAS as autoridades têm agentes fortemente armados e com armamento que a grande parte da população NUNCA terá acesso? Um grande abraço Mauro.

    • Mauro Blanco disse:

      Perfeitas as suas colocações, meu querido amigo Luiz Tarcitano. Há muitos “figurões” por aí que, nos quesitos armamento e segurança, seguem aquela velha linha de raciocínio: “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.

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