Polarizar para confundir

Em relação à tão propalada greve geral, conduzida pelas centrais sindicais e ocorrida no último dia 28, não posso dizer que foi outro fracasso retumbante, como ocorreu em julho de 2013. As manifestações se mostraram mais pujantes, mas que não houve greve geral, não houve. A propósito, hoje, dia primeiro de maio, quando se comemora o Dia do Trabalhador, é que, em minha opinião, todo e qualquer movimento deveria se concentrar, inclusive de levar as massas às ruas, ainda mais com a pauta divulgada, ou seja, o protesto contra as reformas trabalhista e da previdência. Bom, os sindicatos devem ter os seus motivos, não?

A população não foi sensibilizada, e esse foi o primeiro grave engano cometido pelos organizadores. Iniciaram o dia, para piorar e afastar de vez a simpatia da sociedade brasileira, ateando fogo em barricadas de pneus e paralisando o tráfego de veículos em algumas cidades, transformando a vida de milhares e milhares de pessoas num inferno logo cedo. Impedir o direito de ir e vir de compatriotas não me parece ser o caminho mais democrático a seguir, principalmente se a iniciativa parte de cidadãos que se dizem tão avessos à truculência e ao autoritarismo. Bloquear dessa forma as rodovias cheira a bê-a-bá de cartilha do MST do sr. Stedile.

Bastou redizer a fala do Boechat para que alguns “desaparecidos” do Facebook se irritassem.

Entrei na dança por conta de um comentário que fiz no Facebook, repetindo a fala do jornalista Ricardo Boechat, que dizia na rádio, por volta das 07:30 h daquele dia, sobre esse tipo de atitude e da pouca presença de manifestantes. Observava ele, no dia da tal greve geral que não ocorreu, que pela manhã havia mais pneus queimando que manifestantes nas ruas. Bastou apenas que eu repetisse isso – e se tratava de um fato objetivo – para que pessoas que nunca curtiram ou comentaram absolutamente nada do que eu colocava lá naquela rede social partissem para a defesa dos atos da “meia dúzia” de manifestantes matutinos. Sofri o impacto da polarização.

Confesso que fiquei meio atônito no início, ainda mais porque não costumo comentar ou curtir postagens de amigos que não pensam como eu. Se vejo gente enaltecendo com veemência os feitos de algumas figuras públicas, de Aécio Neves ao ex-presidente Lula, simplesmente deixo passar batido. Se registram algo que me interessa e que venha ao encontro das minhas ideias, notadamente depois da quantidade de escândalos que os empresários estão fazendo vir à tona em suas delações, aventuro-me a escrever algo, e, dependendo da relevância, até compartilho. Fora isso, penso que cada um deve ter uma ideologia para dizer que é sua… e a amizade continua.

As manifestações foram violentas aqui no Rio de Janeiro, principalmente na área do centro histórico da Capital. Percebi excessos de ambos os lados, dos vândalos que depredaram patrimônio público e privado, aos policiais que partiram com bombas e todo o aparato militar que possuem para cima de quem lá estava para exercer seu direito inegável de se manifestar. Eu próprio já participei de vários protestos, o último deles em frente à ALERJ no final do ano passado, por conta do massacre que a quadrilha do sr. Sérgio Cabral impingiu ao nosso Estado, e sofri na pele, literalmente, os efeitos lacrimogêneos da PMERJ, sem falar no quanto que corri para não ser alvejado por balas de borracha. E olha que sou um servidor público, não sou bandido. Estamos vivendo um momento de extrema fragilidade.

Voltando à polarização, não acho que ela seja interessante ao país. Quanto mais divididos entre “coxinhas” e “mortadelas”, mais os nossos representantes se movimentam, ao som das turbulências e das discussões acaloradas, para procurarem se safar das graves acusações que lhes são imputadas. Atravessamos, e disso não podemos nos esquecer, a maré mais revolta do oceano de corrupção desta nossa história planetária. Esquerda e direita, pelo menos na atualidade, não existem no Brasil. Há, isso sim, muitos sujeitos eleitos por nós que tentam se manter no Poder pelo período de tempo o mais longo possível, legislando em causa própria e/ou saqueando os cofres públicos. Enquanto nos digladiamos, eles permanecem fazendo o que de melhor sabem fazer. E a gerência (da propina) agradece.

Para finalizar, segue um fragmento da entrevista concedida por Fernanda Montenegro à Revista Veja, edição nº 2528, de 3 de maio de 2017:

Sobre Mauro Blanco

Sou carioca da gema, morador da Zona Oeste, tricolor, bacharel e mestre em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e servidor concursado da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Já atuei como Oficial Temporário no Exército Brasileiro, na Companhia Municipal de Limpeza Urbana (como Subgerente na Gerência de Vetores), na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (como Coordenador de Controle de Vetores, Coordenador de Vigilância Ambiental em Saúde e Diretor do Centro de Vigilância e Fiscalização Sanitária em Zoonoses Paulo Dacorso Filho), e na Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais, instância pertencente à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, como Subsecretário.
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2 respostas para Polarizar para confundir

  1. Ralph Muller Brazil disse:

    Isso tudo só me vem uma única coisa na cabeça! Intervenção Militar. Tem que parar tudo. Fechar o congresso, depor os governos, acabar com as centrais sindicais, acabar com os varios e inúteis partidos, tirar deputados e veriadores (mamadores), restaurar as instituições governamentais, contruir um estado democrático solido e reavalivar a constituição. A primeira intervenção nos tirou da condição de colônia. A segunda intervenção nos mostrou como poderiamos ser uma forte potência e estava enraizado os valores de uma nação esplendorosa. A terceira seria uma faxina geral na corrupção e a restauração da sociedade digna. O partido dos trabalhadores tem que deixar de existir e toda sua história. Quem defende esse escarnios que julgam-se políticos, tem em seus discursos uma eloquência escatológica. Pois, o que saem de sua boca é similimo ao que sai de seu ânus. Vc está corretíssimo em não curtir ou comentar essas postagem indignas. Se o doente que canja, então canja para o doente!

  2. Jussara Versiani disse:

    Parabéns Mauro Blanco! Clareza e
    Objetividade, como tudo em seu trabalho.

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