O desmonte da Proteção Animal na Cidade (já nem tão) Maravilhosa

Palácio Pedro Ernesto, inaugurado em 1923, que hoje é sede da Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Estive presente na segunda Audiência Pública da Câmara Municipal do Rio de Janeiro (vídeo no final desta postagem), realizada em 10/11/2017, que tratou novamente da Defesa Animal nesta cidade que já foi maravilhosa um dia. Convidados pela Comissão de Direitos dos Animais daquela Casa Legislativa, lá estavam sentados, na mesa principal da plenária, o Presidente da Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (SUIPA) e uma representante da Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses da Prefeitura do Rio (VISA-Rio). A outra convidada da municipalidade, que todos esperavam fosse ser a estrela principal do evento, a responsável pela Subsecretaria de Bem-estar Animal (SUBEM), não compareceu, não justificou a ausência e, reforçando a absoluta demonstração de falta de respeito para com a presidência da Comissão supracitada e seus membros, sequer enviou alguém que pudesse representá-la.

O evento estava esvaziado, é bem verdade, e vários motivos foram alegados para tal: a) dia de semana, onde muitos interessados não puderam ir devido a compromissos diversos; b) uma manifestação contra o Governo Federal (que contava com meia dúzia de gatos-pingados na Cinelândia, por volta das 17:00 h); c) a certeza de muitos de que a Proteção Animal da Prefeitura não iria dar as caras, o que era, em minha opinião, favas contadas há pelo menos um mês da realização da audiência; d) a pouca ou nenhuma resolutividade da Comissão da Câmara, que sequer teve suas dezenas de requerimentos de informação respondidos pela SUBEM.

O desprestígio dessa Comissão, pelo menos na percepção deste que vos escreve, é patente. Tanto isso é fato, que internamente, naquela mesma Casa, surgiu a denominada Frente Parlamentar em Defesa dos Animais, que salvo engano trata dos mesmos assuntos e que é direcionada por outro Vereador. Quando um nicho não é preenchido a contento, e a Proteção Animal rende votos importantes para qualquer político, alguém interessado vem ocupá-lo rapidamente. Essa matemática é simples.

Impressionante é que outras Comissões semelhantes, “de peso”, também acompanham, aparentemente em berço esplêndido, todo o sucateamento em curso na SUBEM, patrocinado pelo atual bispo, digo, Prefeito. São elas: a Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil/RJ e a Comissão de Defesa dos Animais da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Aliás, sobre a última, registre-se o comportamento hostil e inadequado de um dos parlamentares componentes daquela Comissão, numa visita de cortesia, quase um piquenique vespertino, que fizeram ao abrigo municipal, em Guaratiba. O político xingou, gritou e arremessou o celular de uma protetora ao chão, tudo gravado em vídeo que viralizou nas redes Sociais. Aguardamos ansiosos os relatórios de todas essas Comissões sobre os descalabros que assistimos e vivenciamos diariamente, mas não apenas isso, queremos ver alguma providência prática que possa reverter o quadro ora instalado. O prognóstico da Proteção Animal, nessa conturbada e mentirosa gestão municipal, é, minimamente, sombrio.

Que os problemas da SUBEM sejam finalmente descortinados. Há falta de recursos? Sim, mas também há uma gestão temerária, que é, dentre outras coisas, pouquíssimo transparente e que possui, como assessores regiamente pagos – os fantasmas e os que ainda lá estão – figuras carimbadas que atuaram de forma evidente e intensa no papel de cabos eleitorais do Alcaide de plantão. Competência, nesses casos? Pra quê?

Sobre Mauro Blanco

Sou carioca da gema, morador da Zona Oeste, tricolor, bacharel e mestre em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e servidor concursado da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Já atuei como Oficial Temporário no Exército Brasileiro, na Companhia Municipal de Limpeza Urbana (como Subgerente na Gerência de Vetores), na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (como Coordenador de Controle de Vetores, Coordenador de Vigilância Ambiental em Saúde e Diretor do Centro de Vigilância e Fiscalização Sanitária em Zoonoses Paulo Dacorso Filho), e na Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais, instância pertencente à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, como Subsecretário.
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6 respostas para O desmonte da Proteção Animal na Cidade (já nem tão) Maravilhosa

  1. maria cristina dos santos gonzaga disse:

    Ñ existe e ñ querem q exista competência…definitivamente nós protetores estamos desamparados!

  2. Eliane Carvalhoe disse:

    Parabéns pela postura, Dr.Mauro Blanco, chega de tanto desmando por parte dos Dirigentes do nosso País.
    Grata.

  3. DOM IMBROISI disse:

    Amigo fraterno, Mauro Blanco!
    Infelizmente, o Rio de Janeiro está entregue……………..
    Existe uma desumanidade cruel, os valores de uma familia, a falta de Deus , a incompetência dos politicos , tudo crescendo de uma forma desorganizada.
    Quem não ama os animais, não serve para absolutamente nada………………..
    Continue na luta amigo, precisamos de alguém que possa brigar em favor dos animais.

    ” quanto mais conheço os homens, mais amo a minha cachorrinha”……………..

    Abraços

  4. Solange Brandolini disse:

    Mauro,

    Parabéns pela matéria e pelo pronunciamento na Audiência Pública realizada na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O poder público tem se esquecido a quem deve representar, precisamos deste tipo de enfrentamento: com seriedade, respeito e competência.

  5. Precisamos de profissionais como você nos representando. Sou médica veterinária e lhe parabenizo pela postura.

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