Em julho do ano passado a Prefeitura do Rio de Janeiro lançou, de forma sorrateira e sem qualquer discussão relevante com a sociedade carioca, um sistema de bilhetagem eletrônica, conhecido como Jaé, com a finalidade de substituir, em âmbito municipal, um outro sistema que, bem ou mal, já estava em operação há muito tempo e que funcionava a contento, o Riocard, sendo que a maior vantagem deste era a possibilidade de utilização em ônibus, VLT, BRT, barcas, metrô, trens e vans. Vejam na entrevista do RJTV o dia em que o Jaé foi lançado e o grande desconhecimento desse sistema por parte dos cidadãos, algo que me parece continuar até os dias atuais.
A partir de fevereiro de 2025, daqui a pouquinho, os ônibus, VLT, BRT e vans que circulam apenas na Cidade do Rio de Janeiro não aceitarão mais o Riocard e passarão a operar exclusivamente com o Jaé. Em suma, os cariocas passarão, pelo menos os que utilizam outros transportes públicos que não os citados imediatamente acima, a ser obrigados a manterem em suas carteiras dois cartões. Tornamo-nos reféns, sem dúvida alguma.
É óbvio que a grana que gira em torno de todo esse movimento dos cidadãos, que precisam do transporte público para tocarem suas atividades, chega a montantes astronômicos. A “saída” do Riocard tornou palpável um butim que chama a atenção e que muitos lutariam sem trégua por ele. Aí chegou, com olho grande e sabe-se lá de onde, um grupo empresarial que está, com o apoio de operadores políticos, implantando esse novo sistema a toque de caixa e sem a devida transparência. Ficou assustado com o que eu disse? Ora, se você acha que não há políticos no meio dessa transação e que eles não estão lucrando muitíssimo com isso, procure urgentemente um atendimento psiquiátrico ou então assuma de vez que você “Jaé” um “Mané”.
Tive problemas, logo de cara, com essa nova empresa, que muita gente está apelidando de “Jaéra”. Conforme fiz outras vezes com os cartões da Riocard, comprei em dezembro do ano passado um “Jaézinho” numa máquina localizada no Terminal Deodoro. Como as pessoas não recebem informação, nem na própria máquina de compra, entendi que o cartão já estava interligado ao Bilhete Único Carioca. Como faço integração com o BRT, pago apenas uma passagem, pelo menos com o Riocard era assim.
Qual não foi a minha surpresa quando, no final de um dia, percebi que todo o saldo do cartão recém adquirido tinha sido gasto. Pior: nos validadores dentro dos veículos o saldo não aparece, ou seja, você só saberá que o seu cartão está sem crédito no susto mesmo, quando eles acabarem e você ler uma triste mensagem na tela da máquina. Correto isso? Decente? Não.
Iniciei minha peregrinação para reclamar ou, pelo menos, obter alguma informação. Pensei, na minha santa ingenuidade, que fornecendo o número do cartão e o número do chip meu problema poderia ser resolvido… tolinho! Nenhum dos canais de comunicação da empresa Jaé, ou Jaéra (como queiram), e-mail, telefone ou um tal chat, que eles próprios denominam de “Papo Furado”, funciona. Estão lá, no site deles, só para inglês ver.
Fiz manifestação no Reclame AQUI, que informou ser a Jaé uma empresa com reputação não recomendada no site. Após isso, ainda indignado, realizei contato com a Secretaria Municipal de Transportes (ticket nº SMTR202501000214) e o profissional que respondeu disse que eu precisava informar um número de protocolo da reclamação na Central Jaé. Ora, se a turma do Jaé sequer me atende ou responde e-mails, pedir para que eu consiga um número de protocolo representa empurrar o problema com a barriga. Aliás, essa orientação só reforça tudo o que eu penso a respeito da participação da Municipalidade nesse imbróglio todo.
Para terminar (será?), fui obrigado a baixar o aplicativo do Jaé, cadastrar-me contra a minha vontade e solicitar um Jaé VISA – chique, não? Informaram que o tal cartão será entregue em minha residência, mas eu só acredito vendo. Estou muito feliz, nem imaginam.
Não bastasse a Cidade do Rio de Janeiro ter o pior tempo de deslocamento para o trabalho, informação revelada numa pesquisa do Instituto Cidades Responsivas onde 08 (oito) grandes cidades brasileiras foram avaliadas, os cariocas ainda tivemos as tarifas de ônibus aumentadas em 2025, encaramos um corredor BRT na Avenida Brasil entregue com atraso estratosférico e que absurdamente NÃO percorre toda a extensão da via, e, para completar, nos enfiam goela abaixo um novo cartãozinho indecoroso que só vai atrapalhar nossas vidas. Tá bom para você?
Jaé hora de acabar este cartão, apesar dele nem ter começado direito.
A coisa está tão esquisita (para falar o mínimo), que ontem mesmo, após eu publicar meu texto aqui no Blog do Blanco, o Prefeito adiou a substituição total do Riocard pelo Jaéra. Agora passou de fevereiro/25 para julho/25. Zorra total e, no meio desse fogo cruzado, está a população, refém disso tudo.
Boa tarde, esse prefeito é louco ou brinca com o povo. Eu sou contra isso.
Sim, somos contra. Chega de pacotes de maldades. O cara mal foi reeleito e já está massacrando Servidores municipais e a população carioca. Espero que as pessoas lembrem disso daqui a dois anos…